A intransigência do regime
militar no Brasil de 1964 promoveu o exílio de muitos brasileiros nas décadas
de 1960 e 1970, afastando parte da população, sobretudo a classe média
intelectual,que lutava por diversos projetos como: reformas de base, revolução
social e "redemocratização". O
exílio teve a função de afastar os opositores do novo regime instalado em 1964.
Nem todos, contudo, enquadraram-se nesse caso. Alguns exilados simplesmente
resolveram deixar o país quando o presidente João Goulart (PTB) foi deposto. Foram para o exterior legalmente.
Os primeiros
exilados partiram para países da América Latina, como Chile e Uruguai. Quando
passaram a verificar que o regime militar iria ficar por um longo período no
poder, os exilados passaram a fugir para países europeus, como a França. No
exterior, eles ainda tentavam ajudar no combate à ditadura militar, divulgando o
que estava acontecendo no Brasil. Após a anistia promulgada
em 1979 muitos brasileiros retornaram ao
Brasil.
Alguns exemplos de famosos
exilados na ditadura:
Caetano Veloso e Gilberto Gil
Depois de ter diversas músicas censuradas pelo regime militar, em dezembro de 1968 Caetano foi preso com o parceiro Gilberto Gil. Eles foram acusados de terem desrespeitado a bandeira do Brasil e o Hino Nacional e tiveram suas cabeças raspadas. Após mais de um mês em celas individuais, foram exilados do Brasil. A dupla retornaria ao Brasil apenas em 1972
Chico Buarque
Detido no fim de 1968, o
músico foi interrogado sobre suas atividades pessoais e artísticas,
consideradas "subversivas" pelo governo da ditadura. Em janeiro de
1969, depois de obter autorização dos militares, Chico seguiu rumo à França
para uma apresentação em Cannes. Em seguida, iria para o exílio na Itália, onde
passou a viver com a família em Roma.
Militante do Partido
Comunista Brasileiro, o poeta foi preso logo após a assinatura do Ato
Institucional nº 5, de dezembro de 1968. Atuando na clandestinidade desde
então, somente em 1971 é que Gullar deixou o país. Durante os anos de exílio,
passou por Moscou, na Rússia; Santiago, no Chile; Lima, no Peru; e Buenos
Aires, na Argentina. Seu retorno ao Brasil aconteceu somente em março de 1977.
Fernando Henrique Cardoso
Ameaçado de prisão pelo
regime logo após o golpe, Fernando Henrique foi para o Chile com a mulher, Ruth
Cardoso. O casal ficou neste país até 1967 e depois seguiu para a França. Um
ano mais tarde, FHC retornou ao Brasil para disputar a cátedra de Ciência
Política na Universidade de São Paulo (USP). Com a instituição do AI-5, porém,
foi aposentado compulsoriamente. Presidiu o Brasil de 1995 a 2002.
Fernando Gabeira
No final dos anos 1960, o jornalista e ex-deputado
ingressou na luta armada contra a ditadura militar, tendo participado do
sequestro do embaixador americano Charles Elbrick. Foi preso e, depois de ser
libertado, partiu para o exílio. Durante este tempo, passou por Chile, Suécia e
Itália. Ficou dez anos fora do Brasil. Retornou com a anistia, no fim de 1979.
Augusto Boal
A entrada em vigor do AI-5
fez com que o dramaturgo deixasse o país com o Teatro Arena, em uma excursão de
um ano, entre 1969 e 1970, por EUA, México, Argentina e Peru. Quando voltou ao
Brasil, foi preso e torturado e decidiu seguir para a Argentina. Boal passaria
ainda por uma série de outros países antes de voltar ao Brasil, em 1984.
Oscar Niemeyer
Membro do Partido Comunista Brasileiro desde 1945, o
arquiteto foi perseguido pelo governo após o golpe. Impedido de trabalhar no
Brasil, em 1967 seguiu para a França, onde se instalou em Paris, e recebeu
autorização de Charles De Gaulle para exercer sua profissão no país.
Reconhecido e valorizado no exterior, Niemeyer só voltou para o Brasil no
início da década de 1980.
Leonel Brizola
Após tentar organizar – sem
sucesso – uma resistência ao golpe, o deputado deixou o Brasil ainda em 1964
para viver no Uruguai. Depois do país latino-americano, ele ainda passou pelos
EUA e por Portugal. Seu retorno ao Brasil só aconteceria mais de dez anos
depois: Brizola só voltou em 1979, após a anistia.
Glauber Rocha
O aumento da repressão durante a ditadura fez com que
o cineasta partisse para o exílio em 1971. Durante a temporada fora do Brasil –
que duraria cinco anos – Rocha passou por diversos países da América Latina, Europa
e nos EUA. Executou uma série de projetos no período em que ficou no exterior e
retornou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário