quinta-feira, 10 de abril de 2014

Brasil: ame-o ou deixe-o

A intransigência do regime militar no Brasil de 1964 promoveu o exílio de muitos brasileiros nas décadas de 1960 e 1970, afastando parte da população, sobretudo a classe média intelectual,que lutava por diversos projetos como: reformas de base, revolução social e "redemocratização". O exílio teve a função de afastar os opositores do novo regime instalado em 1964. Nem todos, contudo, enquadraram-se nesse caso. Alguns exilados simplesmente resolveram deixar o país quando o presidente João Goulart (PTB) foi deposto. Foram para o exterior legalmente. 

Os primeiros exilados partiram para países da América Latina, como Chile e Uruguai. Quando passaram a verificar que o regime militar iria ficar por um longo período no poder, os exilados passaram a fugir para países europeus, como a França. No exterior, eles ainda tentavam ajudar no combate à ditadura militar, divulgando o que estava acontecendo no Brasil. Após a anistia promulgada em 1979 muitos brasileiros retornaram ao Brasil.


Alguns exemplos de famosos exilados na ditadura:


Caetano Veloso e Gilberto Gil

Depois de ter diversas músicas censuradas pelo regime militar, em dezembro de 1968 Caetano foi preso com o parceiro Gilberto Gil. Eles foram acusados de terem desrespeitado a bandeira do Brasil e o Hino Nacional e tiveram suas cabeças raspadas. Após mais de um mês em celas individuais, foram exilados do Brasil. A dupla retornaria ao Brasil apenas em 1972



Chico Buarque

Detido no fim de 1968, o músico foi interrogado sobre suas atividades pessoais e artísticas, consideradas "subversivas" pelo governo da ditadura. Em janeiro de 1969, depois de obter autorização dos militares, Chico seguiu rumo à França para uma apresentação em Cannes. Em seguida, iria para o exílio na Itália, onde passou a viver com a família em Roma.





Ferreira Gullar


Militante do Partido Comunista Brasileiro, o poeta foi preso logo após a assinatura do Ato Institucional nº 5, de dezembro de 1968. Atuando na clandestinidade desde então, somente em 1971 é que Gullar deixou o país. Durante os anos de exílio, passou por Moscou, na Rússia; Santiago, no Chile; Lima, no Peru; e Buenos Aires, na Argentina. Seu retorno ao Brasil aconteceu somente em março de 1977.




Fernando Henrique Cardoso

Ameaçado de prisão pelo regime logo após o golpe, Fernando Henrique foi para o Chile com a mulher, Ruth Cardoso. O casal ficou neste país até 1967 e depois seguiu para a França. Um ano mais tarde, FHC retornou ao Brasil para disputar a cátedra de Ciência Política na Universidade de São Paulo (USP). Com a instituição do AI-5, porém, foi aposentado compulsoriamente. Presidiu o Brasil de 1995 a 2002.







Fernando Gabeira

No final dos anos 1960, o jornalista e ex-deputado ingressou na luta armada contra a ditadura militar, tendo participado do sequestro do embaixador americano Charles Elbrick. Foi preso e, depois de ser libertado, partiu para o exílio. Durante este tempo, passou por Chile, Suécia e Itália. Ficou dez anos fora do Brasil. Retornou com a anistia, no fim de 1979.





Augusto Boal


A entrada em vigor do AI-5 fez com que o dramaturgo deixasse o país com o Teatro Arena, em uma excursão de um ano, entre 1969 e 1970, por EUA, México, Argentina e Peru. Quando voltou ao Brasil, foi preso e torturado e decidiu seguir para a Argentina. Boal passaria ainda por uma série de outros países antes de voltar ao Brasil, em 1984.



Oscar Niemeyer

Membro do Partido Comunista Brasileiro desde 1945, o arquiteto foi perseguido pelo governo após o golpe. Impedido de trabalhar no Brasil, em 1967 seguiu para a França, onde se instalou em Paris, e recebeu autorização de Charles De Gaulle para exercer sua profissão no país. Reconhecido e valorizado no exterior, Niemeyer só voltou para o Brasil no início da década de 1980.



Leonel Brizola

Após tentar organizar – sem sucesso – uma resistência ao golpe, o deputado deixou o Brasil ainda em 1964 para viver no Uruguai. Depois do país latino-americano, ele ainda passou pelos EUA e por Portugal. Seu retorno ao Brasil só aconteceria mais de dez anos depois: Brizola só voltou em 1979, após a anistia.




Glauber Rocha

O aumento da repressão durante a ditadura fez com que o cineasta partisse para o exílio em 1971. Durante a temporada fora do Brasil – que duraria cinco anos – Rocha passou por diversos países da América Latina, Europa e nos EUA. Executou uma série de projetos no período em que ficou no exterior e retornou. 


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