A repressão durante os 21 anos da
ditadura no Brasil levou uma série de artistas e líderes políticos a deixar o
país em busca de segurança e liberdade. Muitos só retornariam após a Lei da
Anistia, promulgada em 1979. Durante a ditadura militar,
diversos brasileiros tiveram que sair do país para fugir da repressão. Os
principais exilados eram de classe média, o que não correspondeu a uma
grande parte da população. Os primeiros exilados partiram para países da
América Latina, como Chile e Uruguai. Quando passaram a verificar que o regime
militar iria ficar por um longo período no poder, os exilados passaram a fugir
para países europeus, como a França. No exterior, eles ainda tentavam ajudar no
combate à ditadura militar, divulgando o que estava acontecendo no país. Após a
anistia, muitos brasileiros retornaram ao Brasil.
Alguns exemplos de famosos exilados:
Gilberto Gil e Caetano Veloso |
Após ter uma série de suas composições censuradas pelo regime
militar, em dezembro de 1968 Caetano foi preso com o parceiro Gilberto Gil.
Ambos foram acusados de terem desrespeitado o hino nacional e a bandeira do
Brasil. Os dois músicos foram soltos apenas em fevereiro do ano seguinte.
Depois de liberados da prisão, Caetano e Gil fizeram um show de despedida, em
julho de 1969. Logo após a apresentação, os dois partiram para o exílio na
Inglaterra, acompanhados de suas mulheres. Os dois casais se estabeleceram em
Londres, no bairro de Chelsea, e a cidade serviu de inspiração para uma série
de composições. A dupla retornaria ao Brasil apenas em 1979.
Chico Buarque |
Detido
no fim de 1968, o músico foi interrogado sobre suas atividades pessoais e artísticas,
consideradas "subversivas" pelo governo da ditadura. Em janeiro de
1969, depois de obter autorização dos militares, Chico seguiu rumo à França
para uma apresentação em Cannes. Em seguida, iria para o exílio na Itália, onde
passou a viver com a família em Roma.
Ferreira Gullar |
Militante do Partido Comunista Brasileiro, o poeta foi preso
logo após a assinatura do Ato Institucional nº 5, de dezembro de 1968. Atuando
na clandestinidade desde então, somente em 1971 é que Gullar deixou o país.
Durante os anos de exílio, passou por Moscou, na Rússia; Santiago, no Chile;
Lima, no Peru; e Buenos Aires, na Argentina. Seu retorno ao Brasil aconteceu
somente em março de 1977.
Fernando Henrique Cardoso |
Ameaçado de prisão pelo regime logo após o golpe, Fernando
Henrique foi para o Chile com a mulher, Ruth Cardoso. O casal ficou neste país
até 1967 e depois seguiu para a França. Um ano mais tarde, FHC retornou ao
Brasil para disputar a cátedra de Ciência Política na Universidade de São Paulo
(USP). Com a instituição do AI-5, porém, foi aposentado compulsoriamente. Presidiu
o Brasil de 1995 a 2002.
Oscar Niemeyer |
Membro do Partido Comunista Brasileiro desde 1945, o arquiteto
foi perseguido pelo governo após o golpe. Impedido de trabalhar no Brasil, em
1967 seguiu para a França, onde se instalou em Paris, e recebeu autorização de
Charles De Gaulle para exercer sua profissão no país. Reconhecido e valorizado
no exterior, Niemeyer só voltou para o Brasil no início da década de 1980.
Glauber Rocha |
O aumento da repressão durante a ditadura fez com que o
cineasta partisse para o exílio em 1971. Durante a temporada fora do Brasil –
que duraria cinco anos –, Rocha passou por diversos países da América Latina,
Europa e nos EUA. Executou uma série de projetos no período em que ficou no
exterior e retornou ao Brasil apenas em 1976.
Fernando Gabeira |
No final dos anos 1960, o jornalista e ex-deputado ingressou
na luta armada contra a ditadura militar, tendo participado do sequestro do
embaixador americano Charles Elbrick. Foi preso e, depois de ser libertado,
partiu para o exílio. Durante este tempo, passou por Chile, Suécia e Itália.
Ficou dez anos fora do Brasil. Retornou com a anistia, no fim de 1979.
Augusto Boal |
A entrada em vigor do AI-5 fez com que o dramaturgo deixasse o
país com o Teatro Arena, em uma excursão de um ano, entre 1969 e 1970, por EUA,
México, Argentina e Peru. Quando voltou ao Brasil, foi preso e torturado e
decidiu seguir para a Argentina. Boal passaria ainda por uma série de outros
países antes de voltar ao Brasil, em 1984.
Leonel Brizola |
Após
tentar organizar – sem sucesso – uma resistência ao golpe, o deputado deixou o
Brasil ainda em 1964 para viver no Uruguai. Depois do país latino-americano,
ele ainda passou pelos EUA e por Portugal. Seu retorno ao Brasil só aconteceria
mais de dez anos depois: Brizola só voltou em 1979, após a anistia.
Juscelino Kubitschek |
Juscelino foi uma das principais figuras que foi
condenado ao exílio, ficando três anos fora do país, sendo proibido até mesmo
de descer na cidade que ele construiu, Brasília. “Deixo o Brasil porque esta é
a melhor forma de exprimir meu protesto contra a violência. Não posso deixar de
confessar que viver fora do país, sem saber quando será possível o regresso, é
o castigo mais cruel imposto a um homem que só pensava no Brasil”, escreveu a
um amigo nos primeiros tempos do exílio.
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