Concentração realizada no Rio de Janeiro no dia 13 de março
de 1964, em frente à estação ferroviária Central do
Brasil, no Rio de Janeiro, o Comício das Reformas, também conhecido por Comício
da Central, reuniu cerca de 150 mil pessoas, incluindo membros de entidades
sindicais e outras organizações de trabalhadores, servidores públicos civis e
militares, estudantes etc. Tinha por meta demonstrar a decisão do governo
federal de implementar as chamadas reformas de base e defender as liberdades
democráticas e sindicais.
A orientação nacionalista-reformista adotada pelo presidente
João Goulart havia desencadeado a oposição dos setores dominantes do país e de
largos segmentos das classes médias e da oficialidade. Nos primeiros meses de
1964, ele procurou mobilizar as massas para a implementação, ainda naquele ano,
das chamadas reformas de base - agrária, bancária, administrativa,
universitária e eleitoral -, bloqueadas pelo Congresso, e para a extensão do
direito de voto aos analfabetos, soldados, marinheiros e cabos, assim como a
elegibilidade para todos os eleitores. Com esse intuito, convocou um comício
para o dia 13 de março, a ser organizado por uma comissão de líderes sindicais.
Na ocasião, Jango assinou dois decretos, com toda a
Soberania que a Constituição de 1946 o possibilitava. O primeiro deles era
simbólico e consistia na desapropriação das refinarias de petróleo que ainda
não estavam nas mãos da Petrobrás. O segundo o chamado decreto da SUPRA (Superintendência
da Reforma Agrária), declarava sujeitas a desapropriação propriedades
subutilizadas, especificando a localização e a dimensão das que estariam
sujeitas à medida. O presidente revelou também que estavam em preparo a reforma
urbana, um espantalho para a classe média temerosa de perder seus imóveis para
os inquilinos e propostas a serem encaminhadas ao Congresso, que previam
mudanças nos impostos e concessão de voto aos analfabetos e aos quadros
inferiores das Forças Armadas.
A resposta da oposição veio com a Marcha da Família com Deus
pela Liberdade, a partir de meados de março de 1964. Essas marchas chegaram a
reunir aproximadamente meio milhão de pessoas, o que mostrava a falta de apoio
de parte da sociedade ao governo Goulart. No entanto, pesquisas do Ibope
realizadas às vésperas do golpe e recentemente divulgadas comprovam que a
maioria da população apoiava as reformas propostas pelo governo de João
Goulart.
Com o Comício da Central, as ideias de Jango foram
decisivamente vinculadas pelos setores conservadores à República Sindicalista e
ao Comunismo. Dias depois, uma rebelião de marinheiros no Rio de Janeiro foi
mais um grave incidente, mas que desta vez atingiu diretamente a hierarquia e a
disciplina militares. João Goulart, como forma de solucionar o conflito,
anistiou os revoltosos. Contudo, para o setor golpista, a ação de Jango era uma
clara demonstração de desrespeito com as Forças Armadas. A saída para tanto foi
o chamado Golpe de 1964, que culminou com o Regime Militar (1964-1985) e, por
conseguinte, com a renúncia do presidente.
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