sexta-feira, 23 de maio de 2014

Resenha crítica sobre o filme "Verdade 12.528"

Passaram-se 50 anos desde que o Golpe mais catastrófico foi arranjado no Brasil. E a corajosa jovem de 25 anos, Paula Sacchetta e seu namorado, o fotógrafo Peu Robles,  fizeram um documentário muito bem produzido sobre o assunto - mais especificamente sobre a Comissão Nacional da Verdade. 

A Comissão Nacional da Verdade foi criada pela Lei 12528/2011 e instituída em 16 de maio de 2012. Ela tem por finalidade apurar graves violações de Direitos Humanos ocorridas entre 18 de setembro de 1946 e 5 de outubro de 1988. O mais interessante sobre o documentário é que ele não trata somente dos acontecimentos da época. Ele fala sobre a angustia dos pais que tiveram seus filhos desaparecidos, da falta que os irmãos sentem daquele que sumiu e de todos os parentes prejudicados

"O Brasil merece a verdade, as novas gerações merecem a verdade e, sobretudo, merecem a verdade factual aqueles que perderam amigos e parentes e que continuam sofrendo como se eles morressem de novo e sempre a cada dia. É como se disséssemos que, se existem filhos sem pais, se existem pais sem túmulo, se existem túmulos sem corpos, nunca, nunca mesmo, pode existir uma história sem voz. E quem dá voz à história são os homens e as mulheres livres que não têm medo de escrevê-la", destacou a presidenta.

Paula não conheceu o avô Hermínio. Ex-militante do Partido Comunista Brasileiro, ele morreu em 1982. Se estivesse vivo, porém, certamente se emocionaria ao saber que foi uma das inspirações para o documentário Verdade 12.528. Como Hermínio Sacchetta foi torturado durante o autoritário Estado Novo de Getúlio Vargas, que durou de 1937 a 1945, o crime do qual foi vítima não será contemplado pelas investigações. Apesar da motivação pessoal, Paula não queria se ater apenas ao caso do avô. Seu documentário foi muito além de questões domésticas: a ambiciosa proposta era iluminar pontos ainda obscuros da história brasileira.

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