Durante a ditadura militar, após a promulgação
do Ato Institucional Número Cinco (AI-5), todo e qualquer veículo de
comunicação deveria ter a sua pauta previamente aprovada e sujeita a inspeção
local por agentes autorizados. Com o ato, diversos materiais foram censurados.
A violência do Estado era notada nos confrontos
policiais e em conhecidos que desapareciam, mas, não era possível a muitos
imaginar as proporções reais de tudo isso. Aparentemente, o silêncio imposto em
relação às torturas era para que menos pessoas se revoltassem e a situação se
tornasse, então, incontrolável.
Alguns artistas usavam a própria música
para protestar contra a censura. Várias dessas músicas deixaram sua marca no
tempo. Por outro lado, algumas canções eram censuradas apenas por não condizer
com os valores morais da época, como é o caso de "Como Eu Quero"
de Paula Toller e Leoni, cuja personagem
principal exige de seu namorado que "tire essa bermuda". Abaixo, algumas canções cujos compositores expuseram suas ideias contra o regime militar.
Alegria, Alegria
Lançada em 1967, por Caetano Veloso, valorizava a ironia, a rebeldia e o anarquismo a partir de fragmentos do dia-a-dia. Em cada verso, revelações da opressão ao cidadão em todas as esferas sociais. A letra critica o abuso do poder e da violência, as más condições do contexto educacional e cultural estabelecido pelos militares, aos quais interessava formar brasileiros alienados.
Cálice
A música Cálice, lançada por Chico Buarque em 1973, faz alusão a oração de Jesus Cristo dirigida a Deus no Jardim do Getsêmane: “Pai, afasta de mim este cálice”. Para quem lutava pela democracia, o silêncio também era uma forma de morte. Para os ditadores, a morte era uma forma de silêncio. Daí nasceu a ideia de Chico Buarque: explorar a sonoridade e o duplo sentido das palavras “cálice” e “cale-se” para criticar o regime instaurado.
Mosca na Sopa
Mosca na sopa é uma música de Raul Seixas, lançada em 1973. Apesar das controvérsias acerca do sentido da música, a letra faz uma referência clara à ditadura militar. Através de uma metáfora, o povo é a “mosca” e, a ditadura militar, “a sopa”. Desta forma, o povo é apresentado como aquele que incomoda, que não pode ser eliminado, pois sempre vão existir aqueles que se levantam contra regimes opressores.
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